Entrevista à UVB

Internet é a melhor mídia para ensino on-line

Publicado no antigo site da Universidade Virtual Brasileira

Vitor Hugo Louzado
18/07/2002 19:20 – iuvb.br

O pesquisador Fábio Gandour explica o que é banda larga e afirma que a coexistência de pessoas, sons, dados e imagens, faz da Rede uma ferramenta potentíssima para o ensino

Um dos 300 membros da academia de cientistas da IBM e pesquisador de tecnologias emergentes, Fábio Latuf Gandour é gerente executivo para Indústria Saúde da empresa na América Latina. Em entrevista à iuvb.br, Gandour disse que a revolução tecnológica “já está aí” e que os computadores assumirão o formato de objetos de uso diário, como fogões, fornos, máquinas de lavar, geladeiras e relógios, podendo inclusive acessar a internet.

Com a internet de banda larga, afirma, o computador se tornará uma ferramenta de apoio ao processo de criação e reflexão no ensino. “Acredito que, quando tivermos uma Rede mais veloz e mais interativa – e ela está aí na esquina -, o grupo de criação, de reflexão que hoje se faz com o deslocamento físico das pessoas, pode passar a ser virtual.”

A Web, acrescentou o pesquisador, é a melhor mídia para uso em ensino a distância. “É única que permite a coexistência simultânea de sons, dados e imagens. Com esses três elementos de comunicação, eu tenho uma ferramenta potentíssima para o ensino a distância.”

As ferramentas que serão colocadas no mercado nos próximos anos vão provocar uma revolução tecnológica?

A revolução tecnológica já está aí, mais acessível em alguns países, menos em outros. E algumas camadas sociais têm mais acesso aos benefícios tecnológicos que outras.

Quais são as ferramentas eletrônicas que serão oferecidas aos usuários de computador?

As novas ferramentas de gerência de informação, por incrível que pareça, não vão ter mais cara de computador. Existe uma série de produtos que processam a informação para colocá-la no local e hora certa, mas elas não terão mais aquele jeitão de computador como a gente conhece, com monitor, unidade de processamento, teclado e mouse. Só para dar um exemplo, a ferramenta que está se popularizando rapidamente como objeto de acesso à Internet é o telefone celular. Ele exerce a mesma missão do computador na hora de navegar pela Internet e, definitivamente, não tem cara de computador. Considerando ferramentas como objetos, devem surgir novos objetos com capacidade de acesso à Internet para gerência de informação, como por exemplo relógios, aparelhos de televisão – já disponíveis no Brasil – e de uso diário na nossa casa, como geladeiras, cafeteiras, fornos, fogões, condicionadores de ar, que poderão ser gerenciados pela Internet, embora não tenham cara de computador.

Estes equipamentos vão ser ecologicamente mais corretos que os atuais?


Isso já é uma exigência da sociedade. A preocupação com a ecologia é um dos grandes problemas desse milênio. Precisamos construir equipamentos com comportamento cada vez mais coerente com as necessidades ecológicas. No entanto, vale lembrar que o controle dessas ferramentas pela Internet pode, no mínimo, economizar energia. Se eu tiver a possibilidade de controlar a temperatura do meu ar condicionado a distância para que não fique ligado quando não estiver sendo usado, estarei economizando energia.

Com o computador sendo incorporado aos objetos de uso diário, o processo formal de educação também poderá ser incorporado ao cotidiano das pessoas?

Eu acredito que o computador certamente substituirá a presença humana no processo de educação nas tarefas em que esse processo é baseado em repetição por parte do aluno. Vamos explicar melhor: naquelas tarefas educacionais onde o professor dá um exemplo e o aluno, para aprender, tem que repetir o exemplo ou fazer uso do conhecimento adquirido no exemplo através de um exercício, essa área da educação pode muito bem ser substituída com grandes vantagens pelo computador.

Por que grandes vantagens?

Porque um professor vai multiplicar sua presença física no mundo em tantos computadores quantos a imagem dele estiver presente. Sem o computador, a presença física se restringe à sala de aula, que comporta 30 ou 40 alunos. Se esse o professor botar sua imagem, sua voz, sua emoção, ou seja, o seu conhecimento através do computador, o número de pessoas que podem usufruir desse conhecimento aumenta muito. Porém, a tarefa de reflexão e criação, normalmente liderada por um professor, que nesse caso funciona como mentor, orientando a linha de raciocínio, essa tarefa dificilmente será substituída por um computador, pelo menos por esse modelo de computação que temos hoje.

O conhecimento vai ser melhor repassado aos alunos por sistemas como a internet de banda larga?

Eu acredito que, quando tivermos uma Internet mais veloz e mais interativa – e ela está aí na esquina – o grupo de criação, de reflexão que hoje se faz com o deslocamento físico das pessoas, pode passar a ser virtual. Nesse caso, o computador seria uma ferramenta de apoio aos processos de reflexão e criação. Mas não vai substituir a experiência e o conhecimento do professor. “Um exemplo de ferramenta que está se popularizando rapidamente como objeto de acesso à Internet é o telefone celular.”
processo de reflexão e criação.

O único processo de disseminação de conhecimento em larga escala seria a internet ou existe outra possibilidade em estudo?

Basicamente a Internet. Ela é o resultado da intersecção de três coisas: telecomunicação, um protocolo de transmissão chamado de TCP/IP e a tarifação pela última milha – isso é um conceito de tarifa telefônica que, no
final das contas, tornou a Internet possível. Os elementos desse trio estão evoluindo de forma independente. Uma evolução nas telecomunicações é o barateamento dos serviços, sem o que a existência da Internet seria praticamente impossível. O protocolo de comunicação está cada vez mais confiável e veloz. E vem aí uma Internet que se apóia em cabos de transmissão mais rápidos, tipo fibras ópticas. Nesse novo cenário de telecomunicações mais ágeis, a Internet deve mudar um pouco a sua cara. Ela deve ser mais interativa.

O que significa banda larga?

Banda é o nome genérico que se dá para uma faixa de freqüência que acomoda transmissões. Vamos fazer uma analogia, em vez de pensarmos em transmissão de bits através de um cabo, vamos pensar em transporte de água através de um cano. Se o cano for estreito, com 1,5 centímetro de diâmetro, ele permitirá a passagem de um certo volume de água. Esse é um cano de banda estreita. Se tenho outro cano, com diâmetro de 3 centímetros, ele permitirá a passagem de um volume maior. Então seria um cano de banda larga. A Internet de banda larga seria a Internet que se baseia numa infra-estrutura de telecomunicação – cabos – muito parecida com este cano mais grosso. Por isso, permitirá um tráfego mais intenso de dados.

Por que preciso de tráfego mais intenso?

Se eu mandar uma informação do tipo o seu nome para uma pessoa via Internet, ela vai ocupar alguns poucos bits. Mas se for uma fotografia, será preciso mais. E se for o seu nome, sua fotografia e sua saudação, com sua voz – o que dá muita emoção na comunicação -, será preciso muito mais bits. Então, quanto mais bits forem necessários, seria o equivalente a tentar fazer passar mais água no cano. Se ele for fino, a água passará mais lenta. Se for grosso, passará mais fácil. A água equivaleria aos bits que caracterizam a sua comunicação.

O avanço tecnológico não ilhará mais a população de baixa renda?

A tecnologia, em geral, equaliza a sociedade. Ela facilita o acesso a pessoas que, nos modelos tradicionais, não tinham esse acesso.

Acesso a que?

À informação, à educação, à modernidade – representada por fatos que estão acontecendo no mundo. A difusão da tecnologia. Portanto, vai ser um elemento de avanço para a sociedade, principalmente nas classes sociais até então menos favorecidas. Existe hoje uma quantidade enorme de entidades não-governamentais que se preocupam em difundir o uso de informática na sua forma mais simples para comunidades carentes. É impressionante ver o resultado desse esforço.

Por quê?

Porque a escassez com que vivem os menos favorecidos os obriga a ser mais criativos. Ao transportar essa criatividade para um ambiente tecnológico, as pessoas são capazes de se transformar em profissionais extremamente competitivos.

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